quarta-feira, 16 de abril de 2008

Here are the young mans...

É muito difícil falar de banda fundadora de um movimento musical, especialmente de uma vertente do punk, que se ramificou em dezenas de correntes. Porém notam-se as bandas que trouxeram - no à tona. Para falar do pós-punk, tenho que falar da banda que o levou a superfície e do ambiente propicio que fora criado pela onda “faça você mesmo”. Uma série de gravadoras independentes estava divulgando musicas das mais diversas bandas. Qualquer um poderia juntar três amigos e tocar. Eis que após um show do Sex Pistols em Manchester, quando Peter Hook (baixista) , Terry Mason (pseudobaterista, ele nem batera queria ser...) e Bernard Summer (guitarrista) conheceram um jovem chamado Ian, resolveram formar uma banda para servir de apoio à bandas punks mais famosas da região.

Depois de um tempo batizaram de Warsaw, baseado na musica Warszsawa de David Bowie, mas por terem receio de serem confundidos com uma outra Warsaw Pakt, colocaram o nome de Joy Division; Divisão da alegria, a área onde as mulheres judias são mantidas prisioneiras e "oferecidas" sexualmente aos oficiais nazistas. Após uma serie de mudanças vem o baterista, definitivo, Stephen Morris, terminando a formação que os tornou famosos.


Por que perder tempo falando desses caras???
99% das pessoas pensam que estou falando de uns inexpressivos quaisquer... Pra começarmos: o Bono disse que sem o Division, o U2 não existiria. Acho que estamos nos entendendo.

Eles trouxeram um lado antigo e obscuro da musica, perdido entre a fúria e a violência de Johnny Rotten e Ramones. Possuem claríssimas fontes no ultra-romantismo, que Ian Curtis lera quando mais novo. É difícil definir Curtis, um jovem atormentado que sofria de epilepsia, depressão ,fã de Iggy Pop, Lou Reed e David Bowie. Porém como poucos ele punha suas dúvidas em suas letras e melodias, que falam do lado negro da vida. Agora um conselho, sob nenhuma hipótese ouça suas musicas quando triste: o suicídio vai parecer uma ótima opção. Exatamente o que o vocalista fez em 1980, aos 23 anos.


"Parece que é tudo negro é obscuro", palavras da revista inglesa Death Disco sobre o primeiro cd da banda,Unknown Pleasures.

Único álbum lançado antes do suicídio de Ian, foi esse que os fez conhecidos pela Europa. Já mostrava suas características mais claras, com uma banda de estilo mais complexo que as da época, que ia além dos famosos "três acordes" típicos do punk. E tem uma base intensa, como se vê em New Dawn Fades, onde se ouve a bateria e baixo num ritmo calmo e passivo, surpreendentemente em primeiro plano, e o desespero expresso pela angustiante guitarra e pelos lamentos do jovem cantor. Nota-se também inovações da música eletrônica, como em She’s lost Control , que seriam muito aprofundadas quando os membros remanescentes formam o New Order. Além de outros recursos, como vidro se partindo e outras viagens.

Muitos não compreendem como uma banda que mal durou quatro anos pode ter sido tão importante para definir o cenário rock britânico dos anos 80. Devemos entender que falavam da falência do sistema e das contradições que estão presentes na nossa vida até hoje. Para muitos, as músicas devem ser felizes, devem melhorar nosso humor, ”shiny happy people”. Respeitando a opinião alheia, o rock é um reflexo da vida, como qualquer forma de cultura. E este estilo mostrou que, como diria John Lennon, ”the dream is over”. Mas nós continuamos aqui...


Discos de Estúdio

Unknown pleasures (1979)
Único álbum lançado antes do suicídio de Ian. Foi o que fez a banda conhecida na Europa. Já mostrava suas características mais claramente, com o Joy Division sendo uma banda de estilo mais complexo que as da época. Aqueles acostumados com as músicas de 3 acordes do punk foram surpreendidos com composições que usavam som de sprays, vidros quebrando e sintetizadores, até então incomuns. Após o suicídio de Ian, os integrantes da banda levaram o uso de sintetizadores para o New Order. Enfim, esse é um disco sombrio e revolucionário.


Closer (80)

Foi feito antes da morte de Curtis, apesar de ter sido lançado depois. Mantem a essência o original, porém aprofunda uma tendência clara. O som instrumental era dançante e em grande parte animado, porém são a melodia e as letras, filhas do divórcio dele e uma intensificação de sua epilepsia, que mostram o contraste entre luz e escuridão, tristeza e alegria. Esse verdadeiro caos musical exprimiu como poucos a essência humana. Foi gravado de modo, no mínimo, diferente: as gravações foram feitas sobre uma abóbada de estuque, para que o som ecoasse com se fosse numa capela.

O álbum é um verdadeiro enigma. A imagem da capa é católica gótica e até mesmo o nome, Closer(mais perto), é ambíguo. Vendo o contexto, nota-se que Ian ia jogar tudo para o alto. Simplesmente divino. Está no Ranking da “Rolling Stone” como um dos 500 maiores álbuns de todos os tempos. Merece.


Concluindo

Foram lançados álbuns pos-mortem como Still (81), Substance (88), dentre outros compactos. Sinceramente não imagino que todos apreciem, mas a idéia é que eles foram poucos conhecidos por que não chegaram a se apresentar em solo americano, Meca da música mundial, mas penso que é um tipo de musica que vale a pena. É quase unanime que o mais interessante eram os shows do Division, onde as luzes formavam uma atmosfera sombria, aliada às danças frenéticas do vocal imitando seus próprios ataques epileticos, mas isso infelizmente eu não posso mostrar...ainda bem que existe a internet!!!
Falar só não adianta nada. Abaixo os links no ioutubi e , caso gostem, assistam Control, filme baseado na biografia de Deborah Curtis, a mulher do indivíduo, que ajuda a entendê-lo.


Apresentação da banda no Granada



Trailer do filme "Closer"



I believe in Joy division

Pedro Lima



18 comentários:

J. Bauerfeldt disse...

muito bom seu blog
pode ter certeza que irei vir aqui muito

http://jmstv.blogspot.com/
se der comente em meu blog

Rafael Portillo disse...

Muito bom mesmo cara.
Eu só não sabia que o Joy Division era considerado Punk...
Parabens, excelente texto...

http://teiadepodcasts.blogspot.com

O primeiro blog sobre podcasts brasileiros

Velho disse...

mais ou menos rafael.O Division é para o punk/gótico o mesmo que Black Sabbath para o hard Rock/Metal; é um ponto de divisão,que liderou os influenciados a um novo caminho "leaders of man" do division é muito punk.Ouça que voce concordará

ma disse...

Então, lá nos idos dos 80... eu curtia muito o Joy Division, mas tb não sabia que eles eram considerados punk não!!!
Viu que blog mais informativo! ; )

Beijos a toda equipe!

Letícia.

Torzin disse...

legal!!!

www.blogueheitor.blogspot.com

Lopezz disse...

ótimo esse texto Pedro, aprendi muita coisa nova que eu não sabia

bem escrito e informativo, parabéns
só enriqueceu o blog ainda mais xD

como é bom ler o texto de alguém que entende do que fala...

Vivica disse...

Adoro anos 80 e as bandas que fizeram sucesso nesta década. Conheço pouco do Joy Division, mas dá pra ver que VOCÊ sabe muuuitooo.

Parabéns, muito legal seu texto.

http://damasdevermelho.blogspot.com

Euzer Lopes disse...

Uns 20 anos atrás, talvez mais, quando o New Order veio com aquele álbum antológico - que tinha a clássica "Bizarre Love Triangle", eu comentei na faculdade que Joy Division era a raiz de toda aquela idolatria.
Alguém disse que não sabia quem era Joy Division (até aí tudo bem, ninguém é obrigado a conhecer ou saber de tudo), mas que era um lixo se comparado a New Order.

Pois é... Hoje, tantos anos depois, me alegro muito a ver, num blog, alguém que escreva tão bem sobre este grupo delicioso de ouvir.

Obrigado por esta oportunidade: ser seu leitor.

Torzin disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
(Didixy) Conquistadores disse...

Muito bom mesmo.

Vc tinha me deixado uma pergunta em meu blog sobre ganhar selos.

Então é o seguinte, visite mais vezes o blog dos Conquistadores e você poderá receber essas indicações.

Ok.

Seu blog é muito bom.

abs
____________________
Veja: "50 Melhores animações/desenhos animados"

www.conquistadoresdm.blogspot.com

Entre em nossa comunidade do Orkut.
Comunidade dos Conquistadores

(Didixy) Conquistadores disse...

Ah,para esclarecer. Se quiser parceria é só me falar?

abs

Anônimo disse...

pow nao os conhecia, ate baixaei algumas aqui p ouvir

da uma passada la no blog

http://polecos.blogspot.com

abraços cara

:)

Anônimo disse...

Escrito muito bem. Mesmo que não pegou a época da boa da banda, como eu, sabe que ela fez história.

Belo blog.

Precisamos conversar pra eu anunciar vcs no meu blog. Meu emailestá visivel no perfil. ;]

Frank Cunha disse...

Rock é minha segunda praia,
primeiro é blogar.
Bom,como o texto é grande,vou ler com calma aqui para poder opiniar sobre o assunto.

Òtimo blog
http://www.polvoloko.blogspot.com

Anônimo disse...

Conheço muito pouco de Keane mas algumas músicas do Colplay (Fix You, The Scientist, In My Place, etc) tem aquele ritmo "down" e letras tristes, eu gosto muito.
O Joy Division como o amigo de cima disse era uma banda que fazia músicas bem depressivas com melodia obscura e letras muito deprês do Ian Curtis (que cometeu suícidio), outra banda com letras muito deprês é o Radiohead e o Interpol.

Abraz!

‹‹ Βαbі ›› disse...

poo nao sabia q Joy Division era punk... ótimo blog!!

Anônimo disse...

nao posso falar se eh punk ou nao, ja q eu nao sei uma semelhança entre doors/ clash com ramones/ sex pistols. pra mim nao tem nada a ver, portanto nao posso dizer oq eh punk ou nao, eh subjetivo demais
eh inegavel a influencia q Joy Division teve no rock mundial, mas particularmente eu nao gosto nao... quase todas as musicas sao totalmente depressivas!

Carla M. disse...

eu prefiro o Brian May como chanceler da minha universidade que o que tenho atualmente!

e que coisa, o cara tem Phd! ele é qualificado. deixa ele.

apesar de prefiro ele como músico, rsrsrsrs